Cinco estudantes representaram o grupo em evento que celebrou o ‘Abril Verde’
por Simone Orlando
Em função do trabalho que o ETNOPET desenvolve no combate ao racismo religioso, há alguns anos, a deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ) convidou o grupo para ser homenageado pela Assembleia Legislativa do RJ, no dia 03/04, às 18h.
A celebração, que contou com cerca de 500 pessoas, faz parte das ações planejadas pelo mandato da deputada, que instituiu, no calendário oficial do estado do Rio de Janeiro, o projeto ‘Abril Verde’, criado a partir da lei 9301/21.
A ideia é que o mês de abril vire uma referência na promoção do combate, prevenção e conscientização contra o racismo religioso em todo estado . Na mesa de honra do evento, estiveram presentes o diretor de Promoção do Ministério dos Direitos Humanos, Alex André Vargem, a vereadora Mônica Benício e o deputado federal Henrique Vieira, além de representantes de terreiros de Umbanda e Candomblé, como D’oya de Obaluaê, Gaiaku Deusimar, Mametu Seci Caxi e a Ekedi do Ilê Axé Omiojuaro Thula Pires. No vídeo abaixo, a sessão solene na íntegra.
“Ninguém irá nos impedir de fazer os nossos rituais em nossas casas, nos nossos terreiros. O ‘Abril Verde’ tem esse propósito de afirmar o nosso direito à livre expressão da nossa religiosidade, de aquecer a luta contra o racismo religioso e contra toda forma de intolerância contra as religiões mais perseguidas em nosso país, que são as de matrizes africanas”, afirmou Renata Souza, em discurso na celebração.

Instituições, grupos e personalidades são homenageadas no Palácio de Tiradentes, antiga sede da Assembleia Legislativa, pelo trabalho de combate ao racismo religioso (imagens cedidas pelo grupo ETNOPET)
Cinco petianas do grupo estiveram presentes na solenidade. As estudantes Ariana Bitencourt Dias, Carine Rodrigues da Silva, Gabriela da Silva Pires, Isabelle Kristine dos Santos Barbosa e Nubia Desiree Francisco Tavares representaram o ETNOPET na ocasião.

As estudantes Ariana Bitencourt Dias, Carine Rodrigues da Silva, Gabriela Da Silva Pires, Isabelle Kristine Dos Santos Barbosa e Nubia Desiree Francisco Tavares (imagens cedidas pelo grupo ETNOPET)
Para a petiana Carine Rodrigues, aluna quilombola e estudante do 6o período do curso de Belas Artes (UFRRJ), poder representar os colegas na cerimônia foi também um modo de representar seus ancestrais. “Ocupar o espaço da Rural e da Alerj, abordando o racismo religioso, com uma homenagem tão importante, foi muito gratificante e emocionante. Este espaço que, muitas vezes, vem sendo privilegiado, em sua maioria, por homens brancos”, destacou.
Núbia Desirre, petiana e estudante do 8o período de Filosofia (UFRRJ), também presente na homenagem, enfatizou que são poucas as ações de acolhimento a povos tão massacrados. “Ver as pessoas de axé ocupando aquele espaço, foi lindo demais. Ser homenageado, com tal magnitude, traz uma sensação de que estamos no caminho certo, que a caminhada é essa e que um dia teremos paz pra professar nossa fé”, ressaltou a discente.
O trabalho do ETNOPET e as religiões de matriz africana
O ETNOPET, no contexto do combate ao racismo religioso e da valorização das religiões de matriz africana, vem trabalhando com eventos, projetos e parcerias em casas de terreiro. “A gente tem realizado frequentemente intervenções nessas casas, com ênfase no projeto realizado, desde 2018, com a Casa de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, em São João de Meriti”, explica Alexandre. O tutor elucida que as atividades desenvolvidas neste terreiro estariam ligadas, especialmente, à manutenção das práticas ancestrais, através do cuidado das áreas verdes encontradas no local.
O grupo também realizou, na UFRRJ, em 29 de abril de 2022, o Colóquio Siso Itan Ti Akako (Contando a História do Tempo). O evento foi realizado com o objetivo de “romper com lógica cartesiana de que apenas a Universidade produz conhecimento”, como aponta as informações da página do ETNOPET em redes sociais.

Mesa no I Colóquio Siso Itan Ti Akoko, realizado em abril de 2022, no campus Seropédica da UFRRJ. Ao centro a deputada Renata Souza (imagens cedidas pelo grupo ETNOPET)
O encontro em questão também fez parte do calendário do projeto ‘Abril Verde’ de 2022. O grupo explica que o colóquio se estruturou para ser um espaço de representatividade e de acolhimento às comunidades de matriz africana.
Conheça mais sobre o trabalho do ETNOPET em suas redes sociais.